Caxias
do Sul é uma cidade brasileira no estado do Rio Grande do Sul com
aproximadamente 400 mil habitantes, em crescente expansão e
internacionalização, somada a um alto índice de desenvolvimento humano (IDH). Anfitriã
da Universidade de Caxias do Sul e outras instituições de ensino, a cidade
também é o segundo maior polo do setor metal-mecânico do País. Próximo ao
centro da cidade está o Hospital Unimed, que está passando por um processo de
ampliação. Atualmente ocupando 12 mil m² de área construída, a nova área
construída terá 32 mil m² em uma torre de nove andares, de estrutura de
concreto armado convencional.
Texto de
Luciana
Tamaki
"Estamos entre os primeiros usuários de DDS-CAD no Brasil"
O
projeto
No novo prédio do hospital, serão
implementados uma unidade materno-infantil, novo centro cirúrgico ambulatorial,
mais leitos de internação, e a centralização de serviços como medicina
preventiva, saúde ocupacional, emergência, assistência domiciliar e gestão de
sustentabilidade. O subsolo contará com três pisos-garagens com áreas técnicas,
e na nona laje ficará alojada a central térmica com 4,21 MW (1.200 TR) de
refrigeração e 2,32 MW de aquecimento.
Instalação de torres de arrefecimento na cobertura - possibilitou arquiteto visualizar a interferência na fachada |
O escritório Lúcia Lisboa Arquitetura
Médico Hospitalar, sediado em Porto Alegre e especializado nesse segmento,
assina o projeto de arquitetura. A gerenciadora do empreendimento é a Geconsul
Engenharia e Consultoria, de Caxias do Sul, responsável pela administração e
gerenciamento das obras. No total serão três anos de obras, iniciadas no
primeiro semestre de 2015. A primeira fase deve ser concluída em janeiro de
2019.
Usando
BIM para otimização de projeto
O projeto de arquitetura foi desenvolvido
em 2D em um programa de CAD. No entanto, a empresa de consultoria e projeto de AVAC
(Aquecimento, Ventilação e Ar-condicionado), Artécnica, teve a iniciativa de
modelar o prédio em BIM, com intuito de otimizar seu projeto e melhorar a
execução da obra. O diretor da Artécnica, engenheiro Anderson Rodrigues, conta
que foram necessárias somente duas semanas para modelar o prédio no DDS-CAD, e
então as instalações começaram a ser inseridas no modelo – ar-condicionado,
água quente e fria, ventilação, automação e etc.
“Sim, pagamos o preço de sermos os primeiros; mas o retorno de economia de custo é enorme."
Pioneirismo
Nessa parte da modelagem, a equipe de
Rodrigues se mostrou pioneira. Porque, mesmo que o DDS-CAD seja totalmente
certificado como Open BIM, eles tiveram que criar uma base de dados de produtos
adicionais aos fornecidos pelo software. A Data Design System (DDS),
desenvolvedor do DDS-CAD, está atualmente no processo de penetração no mercado
brasileiro e a equipe de Rodrigues os auxiliou a criar os produtos que ainda
não estavam disponíveis. “Estamos entre os primeiros usuários de DDS-CAD no
Brasil”, esclarece Rodrigues.
“Meus funcionários tiveram dificuldades
para encontrar, por exemplo, modelos de difusores de ar corretos. Por padrão, o
DDS-CAD oferece uma variedade de produtos, entretanto, alguns não eram
particularmente adequados para o mercado brasileiro. Como resultado, decidimos
dimensionar e modelar todos os difusores de ar, conforme os dados do fabricante
alemão presente no Brasil, assim como também modelamos as unidades de
tratamento de ar hospitalares e para conforto, conforme dados do fabricante
norte-americano. Fizemos o dimensionamento, especificação e, por fim, a
modelagem do equipamento que seria usado no projeto. ”
Agora, esses elementos modelados pela
equipe da Artécnica estão disponíveis na base de dados de produtos do DDS-CAD. “Sim,
pagamos o preço de sermos os primeiros; mas o retorno de economia de custo é
enorme. Porque, se for necessário fazer alguma alteração, ela é feita em dois
cliques, em 2D seriam necessárias vários homem/hora de trabalho”, explica
Rodrigues.
Unidade de tratamento de ar atende a sala de cirurgia especializada |
Qualidade
hospitalar
Em projetos hospitalares, um dos grandes
diferenciais e maiores desafios são as chamadas áreas classificadas, onde há
filtragem absoluta do ar, ou seja, volumes de ar limpo significativos para
manter a qualidade do ambiente e a segurança do paciente. A norma brasileira de
climatização em estabelecimentos de assistência e saúde (EAS) ABNT NBR 7.256 e
a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definem quais são esses
ambientes e quais os critérios a serem seguidos.
No projeto da Artécnica, todas essas áreas
foram modeladas com o DDS-CAD para dimensionamento e análise das instalações.
Para atender aos requisitos de qualidade de
ar em áreas hospitalares, várias funções estão associadas aos sistemas de
tratamento de ar, tais como aquecimento, arrefecimento, umidificação,
renovação, filtragem, ventilação e desumidificação. Os sistemas podem ainda
incluir outras funções, tal como a de pressurização do ar no interior de
determinado espaço.
Esses sistemas ocupam grandes espaços no
hospital, nem sempre disponíveis ou de alto custo por m². “Com uso do DDS-CAD
podemos alocar os equipamentos e definir com precisão a necessidade para estas
instalações.”
Um local crítico nos hospitais são as salas
de cirurgias. Rodrigues conta que, com uso do DDS-CAD, “podemos verificar todas
as interferências que possam interferir na instalação do difusor de fluxo
laminar sobre a mesa de cirurgia, bem como o trajeto dos dutos e área de piso
que a unidade de tratamento de ar vai ocupar no piso técnico”.
Difusores de fluxo laminar |
“Se adotássemos outro software, teríamos que mudar nossa base de computadores, o que não queríamos."
Escolha
do software MEP
A escolha do DDS-CAD pela Artécnica foi
feita após três anos de pesquisas. A empresa vinha buscando um programa para
trabalhar em BIM, e frequentou seminários e conferências realizadas por
empresas fornecedoras de softwares e por entidades do setor da construção
civil. “Chegamos à conclusão de que não precisávamos de um software de
arquitetura com modalidade de instalações (MEP); precisávamos de um software de
instalações nativo. Especificamente desenvolvido por engenheiros de
instalações. E o DDS-CAD é isso, um software de instalações MEP que também faz
um pouco de arquitetura. Ele é dedicado a nossos propósitos e fluxo de trabalho;
vários outros parecem bonitos à primeira vista, mas seria como comprar perfume”,
exemplifica Rodrigues.
Além das questões operacionais, a empresa
viu outras vantagens. “Se o software de arquitetura tem rotinas e plug-in para
modelagem de, por exemplo, alvenaria, portas, esquadrias e acabamentos que
atendam ao arquiteto e suas exigências, isso está incluso no preço do programa
e na capacidade de processamento dos computadores para este fim”, comenta
Rodrigues.
O DDS-CAD, por outro lado, roda em computadores
mais convencionais que estão disponíveis na maioria dos escritórios de
engenharia e tem configurações mais leves em comparação com outros softwares
MEP disponíveis no mercado. “Se adotássemos outro software, teríamos que mudar
nossa base de computadores, o que não queríamos. O DDS-CAD se encaixou
perfeitamente na nossa base de TI existente”, explica o diretor da Artécnica.
Informações do projeto
Cliente: Unimed Nordeste-RS
Escritório de arquitetura: Lúcia Lisboa Arquitetura Médico Hospitalar
Gerenciador do projeto: Geconsul Engenharia e Consultoria
Consultoria AVAC: Artecnica
Período de construção: Início de 2015 – Janeiro de 2019
Cliente: Unimed Nordeste-RS
Escritório de arquitetura: Lúcia Lisboa Arquitetura Médico Hospitalar
Gerenciador do projeto: Geconsul Engenharia e Consultoria
Consultoria AVAC: Artecnica
Período de construção: Início de 2015 – Janeiro de 2019