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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Quando o prédio não pode parar


Presente no centro de Belo Horizonte desde 1991, o Shopping Cidade já passou por três ampliações, e desta vez surgiu a necessidade de se realizar um retrofit para mudanças estéticas e principalmente para a modernização das instalações. São seis andares de shopping somando 62,4 mil m² de área construída em um terreno de 7,5 mil m². As obras vêm sendo realizadas por etapas, uma vez que o estabelecimento não pode parar e deixar de atender as 80 mil pessoas que circulam por dia. Desde que começaram as obras, oito anos atrás (2007), já foram feitas a reforma do mall e a readequação das instalações elétricas e de condicionamento de ar, e está sendo finalizada a CAG (central de água gelada).


 Texto de Luciana Tamaki
“O principal ponto foi reformular toda a CAG sem ela parar de funcionar"
Mudanças necessárias
O projeto das instalações visou à revitalização das instalações existentes, que eram: uma central de água gelada (CAG) do sistema de ar-condicionado com dois chillers (unidades resfriadoras de líquido) com compressores tipo centrífugo e capacidade para 600 TR; torres de arrefecimento com baixo nível de ruído; conjunto de bombas de circuito primário e secundário de água gelada; e conjunto de bombas de circuito de água de condensação.
O diretor da Climatizar Engenharia, Francisco Pimenta, conta que, com a otimização e aumento de confiabilidade do sistema de ar-condicionado do shopping, foi projetada uma CAG com três chillers, com compressores tipo “parafuso” (trifuso) de alta eficiência, e capacidade unitária de 550 TR. As torres de arrefecimento são as mesmas, porém, efetuando-se a troca de todo o conjunto de bombas para o tipo in-line e com inversores de frequência – “Isso contribui bastante para o ajuste perfeito das vazões de água e economia no consumo de energia”, diz o engenheiro.


Em pleno funcionamento
Como o shopping não pode parar, foi necessário que os sistemas continuassem funcionando. “O principal ponto foi reformular toda a CAG sem ela parar de funcionar. Isso por si só já torna a obra muito peculiar e traz grande dificuldade”, conta Pimenta.
A execução da obra vem sendo feita somente à noite, e em etapas muito bem definidas, por exemplo: houve diversas etapas de interligação de tubulações novas em existentes; procedimentos chamados pelos projetistas de “congelamento” em tubulações existentes; além das etapas de entrada e saída de equipamentos de grandes dimensões.


 As vantagens do modelo BIM
"Ficou fácil visualizar as soluções"
Uma das maiores contribuições do modelo BIM (Modelagem de Informação da Construção) aos projetistas foi a visualização total da situação existente e da viabilidade das etapas propostas, desde o início até a conclusão final da obra. Como se trata de uma reforma, seria muito difícil projetar apenas com dados em plantas e cortes. “Precisávamos aproveitar algumas tubulações. Foi preciso fazer derivações em locais estratégicos, por isso este grande ganho. Ficou fácil visualizar as soluções.”
Outra grande vantagem não está diretamente ligada ao processo de projeto. Com o modelo BIM, os projetistas apresentavam ao cliente a situação existente e a projetada, por meio de imagens 3D de todas as etapas. “Mostramos até uma sequência por dentro da CAG, como um filme animado”, conta Pimenta. Esse auxílio foi fundamental para a compreensão das soluções apresentadas por parte do cliente.
“Mostramos até uma sequência por dentro da CAG, como um filme animado”

Como foi feita a escolha do software BIM
"DDS-CAD é especialmente adaptado para os engenheiros de instalações"
Os projetistas da Climatizar Engenharia adotaram o DDS-CAD há pouco mais de um ano, e é o único software BIM que utilizam. “O que nos levou a usá-lo foi a facilidade que ele tem para trabalhar com Sistemas Prediais e Ventilação”, conta o diretor.
Uma vantagem adicional do software é que comparado com outros softwares BIM, DDS-CAD é bem mais leve e roda perfeitamente em hardware padrão. Ademais, Pimenta explica que, “o DDS-CAD não é uma ferramenta de arquitetura com alguns recursos MEP. O Software é especialmente adaptado para os engenheiros de instalações e suporta os processos que nós engenheiros aplicamos no fluxo de trabalho BIM”.


DDS-CAD no Brasil
"A tendência de se passar a trabalhar em projeto com modelagem BIM ao invés de desenhos CAD é notória em nosso mercado"
Junto com outras empresas pioneiras no Brasil, a Climatizar Engenharia trabalha em cooperação com a Data Design System para localizar o software ainda mais. “Assim como todo novo software, enfrentamos alguns desafios no início”. Mas Pimenta reforça que um dos grandes ganhos alcançados foi a visualização do projeto, além da compatibilização – “se houver conflito entre, por exemplo, dois dutos, DDS-CAD instantaneamente o ajuda a resolver. Isso significantemente aprimorou a qualidade de nossos projetos”.
“A tendência de se passar a trabalhar em projeto com modelagem BIM ao invés de desenhos CAD é notória em nosso mercado, pois o prazo de projeto diminui a cada ano e a necessidade de ter um produto mais confiável e já compatibilizado está cada dia maior”, explica Francisco Pimenta. Por esse motivo, mesmo que a mudança da forma de trabalho exija “coragem e perseverança”, como ele mesmo aponta, “temos que sair da zona de conforto e encarar as inovações”.
Se as vantagens parecem claras para os projetistas, Pimenta reflete sobre o uso em obra. “Hoje, não há profissionais na obra que saibam usar as informações BIM corretamente, creio que essa é a ponta que vai demorar mais, pela minha experiência. ” Mas o engenheiro reforça que o ganho para as construtoras é enorme, por causa da riqueza de informações dentro de um modelo BIM. “Eles só precisam entender como fazer uso eficiente disso”.

Informações do projeto Cilente:Shopping Cidade

Consultoria AVAC: Climatizar Engenharia


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